7 de dez. de 2015

Parafraseando
"...Como tornar-se louco, não o sendo e não ousando parecer que o é?!,"
A esse medonho raciocínio a que se entregaram quase todos os homens de peso da civilização antiga. Uma sigilosa doutrina de artifícios e indicações dietéticas propagou-se quanto a isso, junto com o sentimento da inocência, e mesmo da santidade de tal reflexão e propósito.
As receitas para tornar-se um curandeiro entre os índios, um santo entre os cristãos da Idade Média, um angekok entre os nativos da Groelândia, um pajé entre os brasileiros.... são essencialmente as mesmas, um jejum absurdo, prolongada abstenção sexual, ir para o deserto ou subir uma montanha, um pilar, ou pôr-se num velho salgueiro com vista para um lago. E não pensar em nada que não produza arrebatamento e confusão espiritual.
Quem ousa lançar um olhar ao deserto das mais amargas e supérfluas aflições da alma?! Em que provavelmente tagarelam os homens mais fecundos de todos os tempos!
Ouvir aqueles suspiros dos solitários e transtornados: Oh, dê-me loucura, seres celestiais! Loucura, para que eu finalmente creia em mim mesmo! Dê-me delírios e convulsões, luzes e trevas repentinas, apavorem-me com ardores e calafrios que nenhum mortal até agora sentiu, com fragores e formas errantes, façam-me urrar,gemer e rastejar como um bicho....mas que eu tenha fé em mim mesma!
A dúvida me devora, eu assinei a lei, e ela me assusta como um cadáver à uma pessoa viva: se eu não for mais do que a lei, serei a mais invisível entre os homens.
O novo espírito que habita em mim, talvez venha de vocês...
Provem da sua loucura. E com muita objetividade o atingiu muito bem....

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